sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

67 2022

 Refletores em mim.

O homem da luz saiu do seu casulo.

Tudo. Até mesmo as baratas verão o seu.

Verão.

Tudo será diferente.

Inclusive.

O.

Verão.



















terça-feira, 26 de outubro de 2021

Sabotador

 As constantes quedas 

de energia

o deixam louco 


Não são as quedas 

Nem são quedas 

São curtos 

Os fios remendados que se partem 


A culpa é dos fios? 

Não

É do homem da luz 


Que ama lâmpadas acesas, mas não troca a fiação










sexta-feira, 22 de maio de 2020

Caixa-preta 2

O lar do homem da luz é uma caixa-preta. Parece um teatro. Paredes pintadas de preto, acinzentadas de poeira e ornada com teias de aranha.
A casa é repleta de refletores, luminárias, abajur e outras fontes de luz artificial. Já o sol... Este só entra como intruso uma vez por dia, quando o homem da luz tira seu roupão, suas pantufas e suas luvas de eletricista para o banho de sol.
Sua casa é um caixão? Será que, ao olhar para o morto velado na sala ele enxerga a si, de um ponto de vista planta baixa? Como se não fosse um homem, mas um boneco. Uma marionete.
Na sua caixa metafísica reside o macro e o micro universo que abraça o velho e misterioso homem da luz.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Caixa-preta

O homem da luz tropeça em uma caixa
preta
retangular
Caixão
Sem medo, se aproxima, olha pelo vidro e, ao reconhecer-se morto, abraça o caixão com amor.
Off - Encontrei o espelho do tempo.

sábado, 18 de agosto de 2018

Há tempos que ele não acende sequer um fósforo pra si.
Deixou que os outros devorassem o seu eu.
Tornou-se escravo do ego.
Deixou de ser.
De ser só.
A solidão é veneno e antídoto.
É só administrar bem a dose.

Agora ele retorna. Porque eu não me deixarei apagar.
Ele sou eu e vice-versa.
Primeira e terceira pessoas.
Pessoa.

Cansou de acender a luz dos outros.
De iluminar caminhos alheios.
Precisa voltar a se ver.
Em um espelho limpo, é claro.
Seu próprio espelho, porque os que os outros seguram distorcem, manipulam.

É tempo de voltar a amar o Sol e venerar a Lua.
O homem da luz aprendeu a enxergar as suas sombras.
E precisa lidar com elas.


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Só faça pelo justo, não faça por piedade. Ela nos desvaloriza.

A vontade de ser aceito me fazia nos vender barato. Até os compradores achavam injusto. Valorizei-nos.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Prólogo... Continuação.

E do porão não mais conseguiu sair.
As portas se trancaram.
As chaves foram engolidas pelo breu.
É preciso encontrar uma luz.
Estaria em cima do pescoço?

Ansiedade cega

A verdade é que sempre quis os holofotes, mas escolhi o porão. E agora trabalho sem freio para acender os holofotes aqui embaixo. Mas será que o porão precisa de tanta luz? Será esse o tipo de luz de que ele precisa? É preciso escolher bem em que apostar, para não gastar energia atoa. Usar o freio, aproveitar a paisagem de uma parte da estrada que está ficando para trás. Aproveitar o que realmente importa. A felicidade. A vida vivida segundo por segundo. Obrigado, Renata Lemes. Eu aprendi nas poucas horas em que conversamos.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

terça-feira, 8 de julho de 2014

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Tudo mudou no dia em que conheci Marinalva, a cozinheira de cadeia.

Morena cearense de ancas largas.
2 filhos nas costas e um emprego que qualquer um pediu a Deus.
15 dias sim, 15 dias não, trabalhando em uma prisão.
Ela tem pena deles. Acha que eles sofrem demais.
Ê mulher de sonho-coração.
Bondosa, jeitosa e inocente.
Apaga tudo.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Do ser incipiente

De ser sapiente o ser está cheio.
De textos oriundos de grandes túmulos também.
Procuro alguém para me ensinar a tecer palavras e não encontro nada além de pequenos arrogantes asquerosos.
E aqui nesta terra brasil temos vale-comida-diversão-e-arte.
Estou cheio da redundância, do sentido e da linearidade.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Devagar com o andor

De fato eu parei de emendar os fios.
Parece que andei sozinho nesses tempos de chuva.
Mas a confusão é da hora. Do tempo. Do instante que parou em mim.
Eu venho pulando os ponteiros desde um mais cinco, os quinze, os seis.
Os sessenta minutos que acabam em horas orobóricas.
O fluxo do fazer. Descascar, ascender e acender luzes.
E esta sensação de que os olhos dos artistas são cegos.
Essa tão egocêntrica e persistente sensação.
Dá calma que o andor não suporta tropeços.
O santo é de barro.
Pintado, enfeitado, floreado, cheiroso em alfazema-boca.
Devagar. Devagar se vai ali e acolá. E aqueles que menos andam, mais recebem.
Eu que corro só vejo o chão se aproximando.
A testa ralada. Conclusão daquela pedra no caminho.
A pedra que me deu a queda.
O barro em migalhas. Um quebra-cabeça santo espalhado na calçada.
A alfazema-memória de uma estrada utópica.

domingo, 7 de outubro de 2012

domingo, 8 de julho de 2012

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Quando a coluna geme, o agudo se encerra. Grave alívio que me fecha os olhos. Sinto o peso da lente. Eu sei e sou. Sinto que sou. Que sei. Dormir...

Um esforço imenso para levantar o corpo doente até a escada. Aqui embaixo está sombrio hoje. De vez em quando ouço aquele miado. É o leão na barriga, o grande rei do meu estômago.

domingo, 27 de maio de 2012

segunda-feira, 21 de maio de 2012

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Outra luz no mesmo bocal

Chegou a hora da mudança. Tirar a lâmpada queimada e colocar uma nova.
Luz

Figurinha nº 0

Quando a morte tocar-me o ombro, quero ter colado a última figurinha.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Sal


Odeio os escrotos que racionam energia. Essa palhaçada de só acender uma luz de cada vez. É pra olhar pra lâmpada ou para o que a sua claridade mostra?! Será que nem as traças vão comer os planos que tracei? Terei que levantar meu próprio mausoléu? Ninguém virá?

Deixa lá. São uns fudidos. Depois virão correndo. Nesse dia farei questão de quebrar as lâmpadas e jogar o pó do vidro em seus olhos.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Submeto-me à escuridão.

Não submeto-me às pessoas.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Então,

Eu usei o LED.
Uma bosta. Eles não sabem ser controlados.
Essa tecnologia já não me enche tanto os olhos.
Para quê sair? O sonho perdeu a invencibilidade.
Aqui tenho toda luz que preciso.

É, a tristeza desinfecta o homem.


Bernardo

- Essa escuridão é uma doença, Bernardo. Os olhos se apertam, a pupila dilata e o vício aparece: as lâmpadas, os bulbos, o brilho. Sou uma mariposa cega. Preciso do vício e da doença para sustentá-lo.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Quando eu sair da solidão dessa casa escura eu conto pro mundo o que vi.

Só é lembrança quando é passado. Ferida aberta dói aqui e agora.

Temos que fuder os apagados!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Quanto mais triste, mais humano.

XIII

Queria ser pintor.
Por tudo pra fora na ponta de um pincel.
Até saliva faz-se tinta.
Não sou bom nas palavras espontâneas, nem na poesia, nem de memória, nem presto atenção nas coisas.
Sinto-me a cada dia menos inteligente. Isso me golpeia. Estudo e não aprendo, não recordo, nada.
Tirei a carta XIII.

Desejo

Estou sempre doente.
Morte é solução,
Penso nela.

Eu: bulbo comum


Existem outras lâmpadas para acender.
Busco por elas, tomo, subo, escada, não alcanço, bocal.
A culpa do passado me rouba e aquela tristeza me domina.
O som mudo do exílio me convence a continuar.
São tantas lâmpadas que piscam no horizonte e colorem o oceano.
É essa vontade de ser completo. Perfeito.
Queria ser LED, invencível.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Os LEDs natalinos

Suspira enquanto olha os milhares de LEDs que compõem a decoração natalina do shopping. - É das grandes. Comenta mesmo sabendo que não há nada de tão especial assim. Do banco de fora sente o vento gelado em seu rosto a cada vez que a porta transparente se abre - frio ora gostoso, ora perturbador. Volta a isolar-se dos pensamentos. Já é natal, coisas nascem.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

- De que adianta, se já está dormindo?

- É inútil. Aqui ninguém se enxerga de olhos fechados.
- Quero pálpebras transparentes.

Morar no escuro...

É estranha essa necessidade de falta de luz que a escuridão tem. A escuridão devia ser completa, tamanha que nenhum lúmen consiga combater. Devia estar só como se é. Se existe porque luz não existe, não é livre. Eu aguardo liberdade na escuridão, mesmo que o meu ofício seja o de acender. Vivo na escuridão com luzes acesas.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Detrás

O homem sobe as escadas e apaga a porta-luz.
O porão se perde na escuridão até um fio colorir as retinas de quem observa.
As mangueiras de finas lâmpadas arqueiam-se nos cantos úmidos.
Não há sal nas solas dos seus sapatos.

Da faísca entre os sexos das tomadas macho e fêmea surge o esperado, a luz nova da mangueira de LED. As cores alternam o sentido das paredes enquanto o clic define seu ritmo. Não há abismo no sorriso do homem da luz. Ele se diverte com a mangueira. Perdeu-se no tempo dele e dele, por dentro, detrás.

sábado, 17 de setembro de 2011

Recente

Não é de sempre esse adorno
vazio, esse drama insolúvel. Os buracos no colchão, barriga em dor. É de hoje essa saudade de nada, esse desesperado pedido... De olhar, de olhar apenas, de olhar.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Tomou-a

Agora ele já sabe.
Não pode voltar atrás.
Esquecer é impossível.
Foi a coisa mais cruel que fizeram com ele, deram-no escolha e ele a tomou.
Bom seria na branca imensidão do falso ou na escuridão da ignorância.
Seria um contraste feliz.
As cores o cegam.
Não adianta que escreva milhões de palavras.
Nada driblará a marcha do tempo.

Ele não cansa

O homem da luz ainda verme nas suas palavras.
Ele olha o horizonte com a pena distinta do nó estandarte.
E embaça na íris da tela azul.
É um homem sem estrada nem pigmento.
Vaga pelo que ouve sem ponto nem final.
A estrada não é sua. Não é capaz de andar uma légua sozinho. Por isso corre.
O homem é homem na luz acesa. No breu se agarra quando luz lhe falta.
Parece afogar-se nos picos de realidade.
Embebeda-se com o novo que não lhe pertence.
É menino de boca virgem. Cada forma e sabor preenche o profundo teto da boca-órgão.
Ele escapa pelas tubulações como fezes em disparada.

Ainda amargo, é massa de entre-lábios.
É foice de operário birrão.
É espada de guerreiro sem ponta.
É galinha-preta sempre desconfiada da encruzilhada.

As vozes esbarram-se nas portas. As têmporas-barreiras.
Ele implora por uma faísca de luz inflamada.
Corta as mangueiras e incendeia.
É vulto de fogo que faz sombra no assoalho.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ciclo 21

Hoje é um dia vazio como outro qualquer.
O ciclo se completa mais uma vez.
Todos reiniciam no marco zero.
A solidão está presente em cada poro, mesmo na maior das orgias.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Rinite

Continua sem dinheiro. Só se preocupa com o imediato. Como pensar nos problemas do mundo se todo seu tempo é consumido limpando o nariz da rinite e pensando em enganar as criancinhas da escola onde trabalha? Não tem escolha. O mundo escolheu o seu lugar na próstata. Difícil é olha-lo e vê-lo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Descanso

Apodrecer,
dormir sem arrumar a cama,
dormir depois de fumar um cigarro escuro,
dormir depois!

Depois de ir ao nada buscar carne em postas,
voltar sozinho recalcado,
perdido na terra molhada onde planta não vinga.

Encosta na pluma do colchão cor de poeira,
dorme como criança morta,
descança a cabeça como troféu decapitado.

"Se a morte é um descanço, prefiro viver cansado!"

PREFIRO?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Quand Je Marche ''' Camille

Quand j'ai faim
Tout me nourri
Le cri des chiens et puis la pluie
Quand tu pars, je reste ici
Je m'abandonne
Et je t'oublies

quando eu tenho fome
tudo me alimenta
o uivo dos cachorros, depois a chuva
quando tu partes, eu fico aqui
eu me abandono
e eu te esqueço.




domingo, 21 de novembro de 2010

Nada - vazio - espaço vazio

O espaço continua aqui.

A fumaça ainda preenche o nada.

E volta, volta e meia, inteira volta, circulo, espiral.

O oráculo é ansião. Não morrerá com o tempo se a marca está nos segundos vividos pelos quatro. Quarto a pouco, ouvia-se a vontade de um, de fim de um, de três não há quarto, três sem fim.

De três não há quarto, três sem fim.

sábado, 12 de junho de 2010

PRÓLOGO

"Em uma cidade pequena.
Em um lugar bem distante.
Uma casa solitária no meio do nada.
Alí mora um homem humilde e sem nome chamado por alguns de
"O ELETRICISTA", por outros de "O CABEÇA DE LÂMPADA" e por alguns outros de "O HOMEM DA LUZ."
O que vos digo e assim contaram, é que não se sabe ao certo a identidade e profissão da criatura, o fato é que possuia o estranho hábito de iluminar porões.
E nesta noite por ocasião ou coincidência do destino,
as luzes do porão de sua casa apagaram-se.
Não se sabe o porquê.
Apenas que nessa cidade pequena.
Deste lugar bem distante.
O homem descia as escadas de sua casa solitária.
Era a primeira vez que lhe ocorria o fato, depois de tantos anos habitando aquele lugar."

Heyder Moura

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Anjo da Guarda:

"Ao chegar perto de mim, tropecei."

Cesar Garcia Lima

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Em busca da ALMA LAMA

"entre aquilo que se mostra o que se é
existe uma unidade que briga
pra não se trair
que não perde o interesse em buscar sentido
sentindo
por mais dos sete buracos da cabeça"
Liz Novais